Qual a função do stylist no mundo da moda?

Na última quinta feira assisti a palestra “Imagens de Moda e Imagens da Arte - diálogos, conexões e convergências” ministrada por Maurício Ianês,  no SENAC São Paulo.

Maurício é artista plástico, stylist de moda e trabalha há 20 anos com Alexandre Herchcovitch.

Como stylist ele é responsável pela criação do look que vai representar a marca. Trabalha em conjunto com o estilista recebendo informações básicas para criar uma "cara" para a nova coleção.

Utiliza todas as ferramentas disponíveis: acessórios, cabelo, maquiagem, cenografia, luz e determina quais as peças que merecem destaque em um editorial de moda ou no desfile da passarela.

Durante a palestra provocou a platéia com sua figura irreverente e suas idéias pouco convencionais sobre a moda.

Inicialmente apresentou slides com imagens da artista plástica japonesa Yaiyo Kusama cuja obra está sendo celebrada numa coleção exclusiva para a Louis Vuitton. A partir deste exemplo criticou a utilização da arte para vender moda. Em sua opinião, nestes casos, a arte fica mal representada e acaba sendo desvalorizada.

    Yaiyo Kusama  por  Louis Vuitton - Vitrine de julho de 2012
Depois, num silêncio estonteante, colocou um vídeo do desfile da grife Comme dês Garçons. A estética que lembrava roupas de palhaço em duas dimensões era inusitada e inacreditável. Maurício provocou novamente a platéia ao elogiar entusiasticamente o desfile.

Desfile  Comme dês Garçons - Outono-Inverno 2012-13
Na seqüência discorreu sobre as inspirações utilizadas para a criação das coleções de Herchcovitch e mostrou alguns trabalhos feitos para a marca.

Outono-Inverno 2012
Outono-Inverno 2012
Encerrou a palestra respondendo as perguntas da platéia e mais uma vez irreverente, dissociou a moda da arte: “Moda é moda, arte é arte. Chamar a moda de arte é diminuir a moda. A moda tem o seu próprio valor”.

Confesso que a curiosidade me leva a esses eventos. Ouvi tudo com um interesse peculiar, como se estivesse sendo instigada a experimentar essa nova estética, mas saí do SENAC com muitas indagações: Será que o público jovem que assistia à palestra entendeu a mensagem? Será que um dia será possível exercitar a liberdade de criação em sua plenitude? Será que isso despertará o desejo do consumidor?

Espero que os jovens e promissores estilistas e stylists não fiquem “engessados” por conta da necessidade comercial, mas também não optem somente pelo difícil caminho do improvável.

Bjs

Renata

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